Apesar de no programa “Son-Rise” nos ser dito
que devemos juntar-nos aos “ismos” das nossas crianças e de nos lembrarem,
vezes sem conta, que esses “ismos” são a porta de entrada para o mundo em que
as nossas crianças vivem, eu já muitas vezes pensei ou disse: “Como é que posso
acabar com o ‘ismo’?”. Meses antes de me juntar ao Programa Intensivo
“Son-Rise”, pensei que no mesmo me iriam mostrar como conseguir que o meu filho
parasse de roer tudo o que encontrava pela frente; porém, hoje lembro-me
claramente da cara serena do William Hogan quando me disse: “Ama esse roer!”.
Ali estava eu, longe da minha casa, a ouvir
que afinal devia era amar o mesmíssimo comportamento que diariamente tinha
detestado! Refletindo então sobre essas palavras, lembrei-me de como, em criança,
também eu tinha necessitado de um “ismo”; de como o mesmo me acalmava; de como
o mesmo quase me parecia uma função corporal, de tal forma ele era lógico para
mim.
Nessa altura, estava mais concentrada em iniciar
o programa “Son-Rise” a tempo inteiro e mais interessada no aspeto biomédico do Autismo a fim de poder encontrar a melhor dieta possível
para as necessidades do meu filho, pelo que resolvi seguir o conselho do
William e passar a amar o roer.
Só alguns anos mais tarde, quando já estava
familiarizada com o programa “Son-Rise” e com esse aspeto biomédico, é que me
interessei e resolvi pesquisar o aspeto neurológico do autismo, tendo encontrado
vários estudos que, apesar de a maioria das pessoas não se aperceberem de tal,
apoiam os “ismos”.
Nesses estudos existem muitas referências à
“agitação” (por exemplo, quando brincamos com canetas, mordendo-as ou
pressionando o botão das mesmas incessantemente enquanto estamos ao telefone),
a qual é um “ismo” socialmente aceite. A “agitação” é ótima como estimulante da
atividade cerebral; para nos manter focados e alerta; para “arrumar” os nossos
pensamentos – tudo coisas que desejamos para as nossas crianças.
A atividade física e a força da gravidade nos
nossos nervos pode estimular a atividade cerebral, especialmente em crianças em
desenvolvimento – mais do que sentá-las a ler um livro. A típica abordagem das
escolas tem ultimamente sido cada vez mais questionada (se calhar, mesmo a
tempo e horas), dado que a quantidade de horas que, hoje em dia, passam em
frente à televisão ou a jogar jogos de vídeo está a criar uma geração de
crianças muito pouco saudáveis.
A boca e as mãos têm milhares de terminações
nervosas que enviam informações para o cérebro, ajudando-o a fazer conexões.
Ficamos tão felizes quando vemos os nossos bebés a levarem à boca todos os objetos
que encontram, explorando-os da mesma forma que às nossas crianças autistas,
que até compramos (e exibimo-los com orgulho!) brinquedos coloridos especificamente
criados para serem mordidos e roídos. No entanto, quando crianças ou adultos
autistas demonstram a mesma necessidade de estimulação cerebral, a nossa reação
imediata é fazê-los parar, terminar com os comportamentos que o seu corpo lhes
diz que irão equilibrar as suas incapacidades sensoriais.
Parafraseando os sinais nas passagens de
nível (“Pare, Escute e Olhe”), eu diria, quantos aos “ismos”, “Parem, Observem,
Amem e Juntem-se”!
Simone, Autism Treatment Center of America
Autism Treatment Center of America | http://www.autismtreatmentcenter.org/
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