Olá a todos!
Quando vemos a nossa criança chorar, o que sentimos? O que nos passa
pela cabeça? Talvez para alguns, a resposta a esta pergunta seja; quando a vejo
chorar sinto um certo desconforto. Muitos sentirão tristeza e culpa
pois podem achar que tem algo a ver com o facto de ela estar a chorar.
Outros acharão que são responsáveis pelo facto da criança estar infeliz. Alguns
podem até pensar que chorar poderá fazer mal à criança, por isso fazemos tudo o
que está ao nosso alcance para que fique tudo bem e que a criança pare de
chorar. Reagimos e respondemos quando a criança chora (dando-lhe por exemplo
algo que elas querem) e com isto aprendam que chorar é uma forma efectiva de
comunicar o que querem e o que não querem e que se chorarem conseguem
mover o "mundo" para terem tudo que querem!
Como disse no parágrafo anterior, o choro da criança é uma forma de
comunicação. As crianças choram porque nos estão a tentar dizer algo. Não
significa que estejam tristes ou zangadas. Significa apenas que nos querem
dizer algo. Quando reagimos e respondemos ao choro, estamos a dizer à criança
que esta é uma forma de comunicar com os outros.
Queremos ajudar as nossas crianças a entender que chorar não é a forma mais efectiva
de comunicar. Para fazer isto vou dar-vos algumas técnicas que podem
implementar em casa com a vossa criança - VAI AJUDAR-VOS.
Primeiro devemos começar com a nossa atitude. Perceber que a criança quando
chora está apenas a comunicar algo para nós e para o mundo. É importante que
tenhamos uma atitude calma e que transmitamos amor (mesmo que eles estejam a
chorar porque bateram com a cabeça ou se auto agrediram). Quando nos sentimos
confortáveis, a criança sente-se segura e protegida, o que leva a que também se
acalme.
Segundo, é importante não reagir. Queremos que a criança saiba que chorar não
vai mudar o mundo e que não o vai fazer alterar a sua atitude e decisão.
A noite passada a minha filha teve uma crise de choro depois de eu lhe
ter explicado que não iria á festa da escola (devido a um incidente que tinha
anteriormente acontecido). Ela começou a saltar na cama durante cerca de uma
hora, enquanto gentilmente mordia os braços e batia na cara. Imediatamente
afastei-me para me poder acalmar e ajuda-la. Eu não estava a reagir aos gritos,
ou preocupada porque ela se estava a auto-agredir.
Sabia que ela iria ficar bem. Nunca vi ninguém morrer por chorar,
por isso decidi deixa-la estar. Relativamente ao facto de se estar a morder e a
bater-se , consegui que ela não estava a morder-se de forma a ficar sem pele,
nem a bater-se com força suficiente para se aleijar verdadeiramente, por isso
deixei-a estar. O que é que eu fiz? Saí e fui para um local ainda mais calmo do
que o anterior, confiando em mim, sabendo que ela iria resolver a situação -
apesar de não ir á festa.
Quando acalmou, decidi explicar-lhe. As explicações dão-lhes uma
imagem clara da razão que nos levou a tomar aquela decisão e o porquê, e porque
acreditamos que chorar não vai ser útil como forma de eles conseguirem o que
querem ou como forma de dizerem o que querem dizer. Calmamente dirigi-me a ela
e expliquei-lhe: “ Quero ajudar-te, e não sei o que me queres dizer quando
estás aos gritos”. A minha filha continuou a chorar, eu mantive-me calma e com
uma atitude carinhosa e sentei-me ao lado dela. Ela então gritou “ Eu quero ir
á festa da escola.” Uma vez mais, mantive-me calma e disse-lhe:” Mesmo sabendo
que é isso que queres, não vamos á festa. Não há problema se quiseres chorar;
mas não vai alterar o facto de tu não ires á festa”. Depois de ter explicado
isto á minha filha, ela saltou ainda mais alto na cama, agrediu-se ainda com
mais força, e gritou ainda mais alto do que anteriormente.
Assim que a crise começou a ficar mais intensa, decidi que iria
sentar-me ao lado dela, enquanto gritava, sem dizer nada. Estava claro que ela
iria continuar a gritar até querer parar. Sentei-me ao lado dela durante quase
uma hora; não olhava para ela; nem reagia; estava e sentia-me confortável sentada
ao fundo da cama dela.
Após 50 minutos a minha filha começou a acalmar e sentou-se na
cama. Olhou para mim e disse:” Eu quero ir á festa da escola ! Estou triste por
não poder ir!” A minha resposta foi gentil, carinhosa e calorosa: “ obrigada
por me dizeres isso. Efectivamente não vais á festa, mas sabes que te amo
muito” Com um gemido, a minha filha disse “ Eu também te amo,” e deitou-se
silenciosamente na cama.
Na situação acima, usei os princípios do programa SON RISE para
ajudar a minha filha com o choro, que por sua vez ajuda-a a comunicar mais
efectivamente. Ela aprendeu também que chorar não altera nada daquilo que ficou
decidido.